A Busca Pela Verdade

Por Pastor Eliy Barbosa
19 de novembro de 2009

“Eu sei, ó Senhor, que não é do homem o seu caminho nem do homem que caminha o dirigir os seus passos”. (Jeremias 10.23)

:: Para se encontrar a verdade é preciso se abstrair de todas as considerações humanas?
"O que é a verdade?" (João 18.38) Esta foi a pergunta feita por Pilatos à Jesus, durante o seu julgamento. De alguma forma, esta mesma pergunta volta a aparecer na vida de cada pessoas E muitas escolas filosóficas, seitas e descobertas do cientificismo já se declaram possuidores desta verdade final.

Para muitos “verdade” seria uma explicação lógica (consequentemente limitada), apoiada por argumentos sólidos e por provas. Para outros, “verdade” é apenas a versão que se sobressai.

Para Agostinho a verdade é uma evidência necessária, sempre constante e indefectível; para Anselmo de Cantuária (em “Dialogus de Veritate”), “a verdade é uma retidão perceptível somente ao espírito”; para Hugo de São Vítor (em “Eruditionis Didascalicae”) a verdade é um saber verossímil, fidedigno e insuscetível de suspeita.

O filósofo francês René Descartes (1596 – 1650) utilizava-se do método de dúvida cartesiano na busca pela “verdade”, que consistia em: não aceitar como verdade nada que não seja claro e distinto; decompor os problemas em suas partes mínimas; deixar o pensamento ir do simples ao complexo; revisar o processo para ter certeza de que não ocorreu nenhum erro.

Como bem constatou o filósofo e psiquiatra Karl Jaspers, a verdade varia de indivíduo para indivíduo. Por isso a “verdade objetiva” refletiria apenas as crenças convencionais do momento.
A crença mais comum afirma que a sociedade como um todo não pode ir além dos valores e verdades que construiu. Nesta óptica a verdade seria apenas um meio da sociedade promover seus interesses.

:: Existe uma Verdade por trás destas “verdades convencionais”? Existe O Correto por trás das coisas corretas? Esta Verdade e Correto é Deus ou as instituições sociais-religiosas?

Foi a partir do século XIX que a noção de verdade passou à ter que contar, essencialmente, com a aprovação da ciência. Mas para obter o “status” de ciência, é necessário que o objeto de estudo possa ser observável, mensurável e reproduzível.

Este quadro racionalista piora se for considerado que uma “parcela ponderável de pensadores, ainda acredita que, em sua fantástica insuficiência, a razão e a ciência tudo explicariam e que a Humanidade, autossuficiente e autogeradora, é, ao mesmo tempo, alfa e ômega da Criação”.

Existem verdades que vão além do indivíduo, além das experiências pessoais proclamadas como verdadeiras. Mesmo que alguém desconsidere Deus como real ou não participe de Sua realidade, isso não altera a Verdade. Mesmo que não saiba ou não admita, todas as criaturas do Universo já se beneficiaram do amor de Deus.

A humanidade sofre de uma ausência de motivação (o "para que serve isso?") que produz o absenteísmo. A pergunta principal na busca da Verdade torna-se relativa não à existência ou a veracidade de Deus, mas quanto a Sua utilidade: Para que serve Deus?

Mesmo não encontrando a Verdade na razão e na ciência, a fé em um Deus presente no mundo torna-se inútil para uma mentalidade voltada para o conhecimento naturalista. Também se torna desnecessário um Deus que opera, invariavelmente, em prol do bem supremo de cada pessoa, pois a ciência investiga e define os mecanismos conscientes e subconscientes humanos.

Com isso a máxima do Evangelho (está escrito “Deus amou o mundo” – João 3.16) é derrubada: o mundo não precisa do amor de Deus, pois segundo a ciência, o mundo é autossuficiente (desde sua origem) e pode fazer o homem feliz. E o tema principal da vida inconsciente é a busca pela felicidade.

Assim as pessoas vivem tentando, inutilmente, preencher o espaço vazio que pertence ao amor de Deus. Ninguém ama aquilo que não conhece, por isso muitos desprezam Aquele que os quer retirar do lamaçal do pecado, esquecendo que Deus “é sobre todos, e por todos e em todos” (Efésios 4.6). Mas será possível conceber um engano e uma cegueira pior do que considerar-se autossuficiente, quando nem mesmo pode-se garantir a vida?

Não são os pecados que cometemos que limitam e anulam o amor de Deus, mas exclusivamente a nossa soberba e a presunção. Ao homem natural pode parecer inconcebível que um Deus completo e satisfeito em si mesmo, seja capaz de amar um mundo imperfeito.

O Evangelho de São João afirma que “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (3.16).

O escritor Eugênio Joaquim de Oliveira observou que “Deus deu, isso denota um ato de humilhação, porque Ele nos procurou a nós, quando nós o deveríamos Ter procurado. Nisto está a prova do verdadeiro amor de Deus: de haver Ele se humilhado para oferecer-nos comunhão consigo. Não foi o homem pecador que procurou Deus, mas Deus que procurou o homem!”

Deus está acima de todo espaço, todo o tempo e todo o conhecimento. Está escrito: "Nisto consiste o amor: Não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou." (I João 4.10 – Versão Alfalit Brasil).


Trecho do livro "O Pai das Luzes", segundo livro da série Bereshit, do Pastor Eliy Barbosa

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