A REVELAÇÃO DE DEUS

Por Pastor Eliy Barbosa

Em sua carta aos Romanos, Paulo nos fala de uma “lei escrita no coração”. Esta lei é composta por conceitos morais básicos, o que confirma e valida a revelação de Deus (Romanos 2.11-15).

Esta “revelação” do coração é como um “segundo conhecer”, do grego suneidêsis, que remete a idéia do “saber juntamente”, “consciência consciente”, “consciência espiritual”, “consciência moral”. E é justamente esta revelação divina na natureza humana que tem impedido a humanidade de se autodestruir.


"... mostram, pela sua maneira de agir, que têm a lei escrita no seu coração. A própria consciência deles mostra que isso é verdade, e os seus pensamentos, que às vezes os acusam e às vezes os defendem, também mostram isso." (Romanos 2.15)

Ao criar todas as coisas, Deus estabeleceu padrões absolutos do bem e do mal. Assim, nossa consciência, que nos acusa ou exime de culpas, que nos adverte ou incentiva, passou a ser composta pelo testemunho conjunto da Palavra de Deus e de Sua lei em nosso coração.

A “revelação geral” de Deus é uma revelação cósmica-antropológica, ou seja, é a revelação que Deus faz de si através da natureza e da humanidade. Apesar de ser uma revelação objetiva, válida e racional, após a queda da humanidade, nosso conhecimento sobre Deus foi afetado. Ao optar em comer da "árvore do conhecimento do bem e do mal" o homem escolheu o caminho da independência, passando a ser o juiz de todas as coisas.

Como consequência direta, Deus passou a ser o “DEUS DESCONHECIDO” (Atos 17.23), que manifesta o Seu poder eterno e a sua natureza divina à uma humanidade obtusa (Romanos 1.18-21), cuja mente está presa na escuridão (II Coríntios 4.4).

A “revelação geral” de Deus foi de tal forma corrompida que deu origem a milhares de religiões e divindades. Todas as religiões possuem gravíssimas distorções da revelação de Deus, pois existe um fator demoníaco que opera nas religiões (I Coríntios 10.20).

A Bíblia valida esta “revelação geral”, porém nega a sua autoridade quando sancionada apenas pela razão. Pois esta revelação não possui poder de salvação, nem adiciona nada a revelação que temos de Deus a partir da Bíblia. Ela serve como testemunha de quem Deus é, e denuncia a pecabilidade da vida humana.

Mas impossível conhecer ou compreender o plano divino de redenção através da teologia natural da revelação geral. Deus revelou dramaticamente o plano de salvação por meio de Jesus (Hebreus 1.1). Pois Jesus Cristo é a forma mais sublime da revelação de Deus. Mesmo que alguém se dedique a percorrer o melhor que puder com os sentidos e a razão o universo, só em Cristo encontrará a sua identidade com Deus.

Até mesmo que o conhecimento cognitivo de Deus grite a todos nós, muitas pessoas recusam-se a buscar um conhecimento existencial e experimental com Deus. A sociedade e o sistema reprimem e rejeitam Deus, pois o pecado corrompeu a vontade humana.

O verdadeiro conhecimento de Deus envolve um relacionamento pessoal através da redenção em Cristo Jesus. Ter comunhão com Deus é conhecer a essência, a perfeição e as exigências morais de Deus. A Bíblia apresenta um princípio ético e moral de conduta agradável a Deus (Provérbios 1.3).

A Bíblia é mais que uma mera testemunha dos atos divinos, é a revelação especial de Deus (João 20.31). Os termos empregados na comunicação verbal de Deus na Bíblia devem ser compreendidos a partir da correspondência lingüística. Deus emprega pensamentos e atos humanos ao se expressar na Bíblia. Em Sua sabedoria, usa termos humanos que se aproximem ao máximo de Sua verdade.

Existem termos “unívoca”, que possuem um único significado como “chinelo”. E existem termos “equívoca” que possuem significados diferentes como “livro” de ler ou o ato de livrar. As palavras empregadas na Bíblia são “analógicas”, pois são qualitativamente iguais. Se colocam entre a unívoca e a equívoca, como por exemplo, a palavra “corrida”. Por isso os termos empregados por Deus tem o mesmo significado, pois são proposições verbalmente racionais. Elas são diferentes em grau e não em tipo ou gênero.

A compreensão e mesmo a aceitação destes termos não depende totalmente da razão, está mais relacionada com a fé. Quando não se conhece o Seu Autor, nada do que está escrito na Bíblia passa de meras palavras. Pois a razão nos remete ao saber limitado, ao medíocre conhecimento e experiência apenas humanos. E, sem a presença do Espírito Santo, a impressão que sobra é que muitas das palavras registradas na Bíblia até não fazem muito sentido.

Apesar das limitações em exprimir Deus através de palavras, o que está registrado na Bíblia é verdadeiro e suficiente. A revelação contida na Palavra de Deus é única e voluntária, seu conteúdo limita-se a vontade de Deus.

Toda experiência subjetiva é obscura e variável, e isto impregna a “revelação geral”. A vontade de Deus é que todos tenham uma compreensão integral de Sua mensagem de salvação. E somente através da Bíblia temos a certeza da vontade de Deus (I Coríntios 14.8; II Pedro 1.9).

Esta mensagem de Deus para hoje contém as mesmas Verdades dos dias em que foram escritas na Bíblia. E desprezar a Palavra e a vontade de Deus é frustrar os cuidados do Senhor para nossas vidas.

A mensagem total de Deus se encontra somente na Bíblia. Não existe qualquer outra fonte que possa ser considerada. Não existe um “outro testemunho”. A Bíblia revela não somente os atos de Deus, mas também os Seus significados. Por isso Jesus nunca realizou nenhum milagre que não fosse acompanhado por uma palavra divina.

É a Bíblia a Palavra de Deus? Ou ela apenas contém a Palavra de Deu? Onde termina a Palavra de Deus e começa o registro humano?

A mensagem de Deus para nós está na Bíblia. Todas as palavras da Bíblia são divinas e humanas. Ela contém um registro inspirado e revelado por Deus. A revelação de Deus pode ser ignorada, mas nunca destruída:

"O céu e a terra desaparecerão, mas as Minhas palavras ficarão para sempre"
. (Marcos 13.31)


Trecho do livro "O Pai das Luzes", segundo livro da série Bereshit, de Pastor Eliy  Barbosa

Comentários