Melhor Ficar Sob o Seu Cajado

Por Pastor Eliy Barbosa

18 de fevereiro de 2010

Acordei com os primeiros sons da manhã. No começo era apenas uma luz dourada sorrindo para mim. Agora uma forte luz entrava pela... caverna!? A escuridão da noite não havia permitido ver onde estávamos. Mas na entrada da caverna havia uma figura que projetava uma longa sombra em nossa direção... Era o Pastor.(...)

Havia luz e alegria lá fora. O calor matutino me dava uma agradável sensação de preguiça. Não estava interessada na paisagem... Já havia vivido muitas emoções para tão poucos dias. Caminhava de olhos praticamente fechados, absorvendo o sol, quase sorrindo, lembrando da maravilhosa transformação que Segredo teve. E tentava gravar no pensamento cada detalhe de nossa viagem... Neste instante fui despertada pelos gritos de admiração das ovelhas.

Diante de nós estava uma campina. Uma linda campina de um verde deslumbrante. Totalmente de mais! Talvez o lugar mais bonito que já havia visto em toda minha vida. Era a Campina do Orgulho. A visão daquele lugar encantador falava diretamente à ambição no coração de algumas ovelhas, reforçando seu orgulho. Orgulho de fazer parte daquele rebanho. Orgulho da jornada que estavam fazendo. Orgulho de chegarem até aquele lugar tão diferente do deserto.

A Campina do Orgulho cercava dois grandes e maciços montes. Já havia ouvido falar neles, eram os Montes da Provação e da Salvação. “Ah! Os montes...” Os montes pareciam deslocados diante da beleza da campina: cobertos de pedras, com pouca vegetação, verdadeiros desafios ao otimismo.

Fiquei encantada ao perceber o quanto nosso Pastor era sábio em nos levar através da magnífica Campina do Orgulho... Definitivamente esse dia estava começando perfeito...

- Olhem! O que o Pastor está fazendo?


Destaque me assustou com seu grito. E Liberdade logo respondeu:

- Ele está indo para um dos montes!!! (...)

Confesso que fiquei aliviada quando o Pastor resolveu descansar entre a Campina do Orgulho e o Monte da Provação, debaixo de uma grande sombra. (...)

Olhei para o Pastor e... Sua expressão estava notavelmente sombria. Liberdade, algumas ovelhas e Pureza – “Pureza!?” - seguiam sozinhas pela campina. Elas iam ao encontro de uma ovelha de incrível beleza que estava a pastar. De onde ela havia surgido? Atento, nosso Pastor pegou Seu cajado e, rapidamente, as reuniu junto com as demais. Foi a primeira atitude de “autoritarismo” que Ele teve com as ovelhas. Mas Liberdade fugiu pela campina.

Confusa, Pureza olhava para o Pastor numa mistura de incerteza e curiosidade, esperando alguma explicação. Então nosso Pastor apontou para a campina e mostrou a grande ovelha que estava pastando.

Magnífica! Era a melhor definição para ela. Uma ovelha como nunca havíamos visto. Com certeza era uma daquelas ovelhas criadas para algum tipo de exposição. O Pastor com voz firme e paciente nos disse:

- Estão vendo aquela ovelha no meio da campina? Parece sadia, feliz e amigável. Mas vejam o que há de errado com ela...
Na campina a grama alta balançava com o vento... O céu estava profundamente marcado por cores... Olhei com mais atenção, desta vez seguindo a Palavra do Pastor. E foi então que vi com horror, em meio aquele cenário convidativo, que era um lobo vestido com pele de ovelha! O lobo estava encantadoramente fantasiado para nos atrair com sua aparência! Olhando bem dava até para ver sua enorme e ameaçadora silhueta, disfarçada pela pele, iluminada pelo intenso brilho do sol.

O mais completo silêncio que se seguiu pairava no ar. Todas tinham no rosto a mesma expressão de assombro e descrença. Agora a voz do Pastor estava bastante calma e maravilhosa:

- Jamais esqueçam: o que importa é o que se é por dentro, além do que os olhos podem ver...
Então este era o habitante da Campina do Orgulho! Um lobo que devora aqueles que querem por ali andar. E esta era a guia da Campina do Orgulho, a vontade própria. Liberdade havia se auto-elegido líder, sem nenhuma direção do Pastor. Ela não conseguiu cruzar a linha para uma vida de obediência e de dependência só no Pastor. Liberdade se levantou, não para guiar, mas para dominar as ovelhas. Liberdade estava tão confiante em suas próprias forças e sabedoria que não havia percebido o devorador que a esperava.

Uma lembrança começou a fluir em minha mente... Há tempos atrás havia ouvido alguém dizer: Mas cedo se esqueceram de novo de tudo isso. Esqueceram o que o Pastor tinha feito. E não esperaram para saber o seu plano. Nem que lhes fosse dando o que precisavam segundo o conhecimento que tinhas das suas necessidades. Então agiram sem esperar o seu conselho.

“Quem mesmo me disse isso?” Absorvida por esse pensamento, levantei lentamente a cabeça quando Pureza se aproximou. Com tristeza no olhar, parecia assombrada:

- Aff... Fiel. Como fui tola? Como o orgulho pode ser mortal! Como pude confiar em Liberdade? Poderia ter sido devorada!

- Não se preocupe, amiga. É de nossa natureza fazer julgamentos baseados na aparência. E sempre existe um grande perigo em andar no orgulho de nossos próprios pensamentos.


Agora ela estava com o mesmo pavor manifestado em sua voz:

- Mas o pior é que decepcionei o meu Pastor!

A voz de Pureza ficou no ar.

- Pureza, vamos embora. Você não pode deixar que um único momento consuma toda sua vida... Vamos seguir o Pastor.


Na Campina do Orgulho já tínhamos visto que era melhor ficar sob o Seu cajado, pois sempre havia um inimigo querendo matar e destruir. Mas temos sido abençoadas com o amor e o temor do Pastor. Ele não permitiria que nenhuma de suas ovelhas se tornasse inchada de orgulho. Ou que se tornasse presa fácil do devorador.

Enquanto caminhávamos para o Monte da Provação, não pude deixar de pensar na figura do Pastor parada à entrada da caverna e no lobo parado na campina. Simplesmente a sombra revelou o que o dia escondeu. O lobo estava tão visível, tão exposto, mas não o vimos como realmente era!

E o Pastor... O Pastor parado à entrada da caverna era apenas um vulto, uma sombra. Não podia vê-lo claramente naquele momento, mas Ele resumia em si mesmo o significado da palavra futuro.


Pastor Eliy Barbosa



Trecho do livro "A Voz da Ovelha" de Pastor Eliy Barbosa - Igreja Cristã Plenitude

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