Primeiro Amor

Por Pastor Eliy Barbosa

Seguindo nosso Pastor aos poucos nos afastamos do aprisco, rumo à Estrada Principal. Rumo!? Estávamos na verdade a beira da Estrada Principal. A Estrada Principal ou, como preferem alguns, a Estrada do Primeiro Amor, era um sonho para qualquer viajante: repleta de árvores cujas copas nos protegiam do sol escaldante... fontes de água refrescante... recantos para se descansar...

Sentia vontade de cantar, sorrir, chorar... E essas coisas não aconteciam há muito tempo. Tudo ali me fazia sentir bem. Era como se os demais sentimentos estivessem sendo filtrados pelo amor, e ele fazia com que não revelassem o pior de si. Até mesmo as novas amigas de Pureza se tornaram suportáveis.

Mas o que havia de especial neste lugar? Olhei atentamente para a estrada que se descortinava diante de mim, procurando uma razão para aquele sentimento. “Que vista maravilhosa...” As cores pareciam mais intensas... O céu azul adornado por brancas nuvens, árvores imponentes com sombras acolhedoras, som de águas vivificantes, um vento renovador acariciava meu rosto...

Como não havia percebido estas maravilhas antes? O céu, as nuvens, as árvores, o vento, a água... Mas nada disso havia mudado. Quem havia mudado era eu! “Claro!” Meus sentimentos e emoções eram uma reação aquilo que agora percebia. A verdade da Estrada do Primeiro Amor permitia que minhas emoções me permitissem ver com clareza. Agora a estrada estava repleta de vida. Me sentia diferente. Me sentia viva.

Ah... Agora eu entendia a necessidade de ter sido despojada de toda a impureza pelo Pastor. Antes de ser purificada sentia que meus fracassos eram enormes. Sentia que tristeza, a frustração e a dor haviam sugado de todas as coisas as cores da vida. Mas agora eu podia acreditar que, de um modo inexplicável, Ele pôde apagar o meu passado maldito. Minha vida tinha o toque da Sua Vida! Limpa de toda maldade, purificada de toda culpa. Me sentia qualificada a entrar na Estrada do Primeiro Amor: restaurada, aceita, amada. Não queria me afastar dela. Queria ficar aqui com o Pastor e segui-Lo sempre.

Estava tão atordoada com os meus sentimentos... Nem havia percebido que tinha me afastado de Pureza. Era como se um véu tivesse se abrindo e me permitisse ver tudo como realmente era. Conseguia até mesmo ter um vislumbre do Céu toda vez que o Pastor sorria. Quando ele sorria ficava a impressão que tudo clareava nitidamente. Seu sorriso interpretava a esperança de um futuro que nunca conheci.

Ali, na Estrada do Primeiro Amor, as palavras faltam, ou sobram. O que passava diante dos meus olhos e no meu coração era impossível de se descrever pelo excesso de amor.

Havia encontrado o que procurava: vida e amor! Ou amor e vida? Teria sido o amor ou a vida a origem de tudo? Não importa, pois no deserto onde vivi não havia vida, amor ou distinções: lágrimas se confundiam com suor; solidão se misturava com a imensidão; tristeza se ajuntava com a dor; engano se unia com a ilusão...

Mas naquela estrada descobri que ninguém é obrigado a morrer no deserto. E que somente o amor poderia manter todas as coisas funcionando juntas. Debaixo do amor nossas diferenças parecem sem significado...

Envolvida por meus sentimentos, me assustei quando vi que a noite chegou. Nosso Pastor já havia escolhido um dos recantos para descansarmos. Amanhã continuaríamos a jornada por aquele caminho maravilhoso. Esta estrada trazia em meu coração um desejo ardente de seguir o Pastor. Na Estrada do Primeiro Amor seria impossível de alguém tropeçar. Somente deve ficar atento para não se desviar; é por isso que continuamente se deve olhar para o Pastor.

Logo se fez noite escura. As trevas que nos rodeavam antes nos assustavam. Mas todas as ovelhas dormiram! Olhando para elas deitadas, parecendo pedacinhos de lindas nuvens brancas esparramadas pelo chão, me senti grata pela vida e pelo amor... “Realmente o deserto não faz mais parte da minha identidade...” Aos poucos meus sentimentos se misturaram com o doce silêncio daquela noite.


Trecho do livro "A Voz da Ovelha" de Pastor Eliy Barbosa - Igreja Cristã Plenitude

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