Toque Purificador

Por Pastor Eliy Barbosa

Ao fim da tarde chegamos a um aprisco simples, modesto e sem qualquer sinal de riqueza... “Decepcionante...” Era a melhor definição. E poderia ser diferente? Qual a definição para um terreno semi-árido, sobre o qual foram empilhadas um punhado de pedras lavradas na tentativa de construir um quase muro?

Como um Pastor que paga um preço tão alto por suas ovelhas pode morar em um lugar tão pobre? Nem Sua aparência ou aquele lugar podiam descrever as incríveis provisões e as maravilhosas glórias que estavam encobertos no Pastor. Mas a julgar pelo brilho nos olhos de Pureza, para ela tudo era maravilhoso.

Notei a presença de muitas outras ovelhas. Não nos unimos a elas, pois o Pastor não nos deixou passar pela porta do aprisco. Então aconteceu, ali na porta daquele modesto aprisco, Ele olhou para mim! Um olhar intenso que justifica o resto de nossa existência. E, quando menos esperava, Ele me tomou em Seus braços.

Instantaneamente meus músculos se retesaram. Com a surpresa vieram antigos medos, vultos e ruídos que tomaram meu corpo. Todas as minhas lembranças de alguém me segurando, estavam associadas a dor. “Devo fugir?” Não! As consequências sempre foram terríveis. Meu desconforto crescia aos saltos. Medo... Dor... Opressão... Em meu coração um vale de lágrimas... Tinha que me livrar... Tinha que me afastar...

Ali, naqueles braços, como meus medos e pecados se tornaram apavorantes! De alguma maneira eu sabia que estava perdida... Mas como poderia fugir de mim mesma? Haveria esperança para alguém que ficou tanto tempo no deserto, manchada pela sujeira, inundada pelo espírito de Belial?

O que me pareceu uma eternidade foram apenas segundos. Logo o Pastor me colocou em Seu colo para limpar minha lã. Em instante algo diferente estava acontecendo! Calor... Aconchego... Amor... Palavras conhecidas com sentidos até então ignorados começavam a ganhar vida.

Agora sentia Suas mãos me tocando com suavidade. Fiz o maior esforço possível para relaxar os nervos tensos e deixei-me ficar. Apenas ficar imóvel em Seu colo. Mas a cada toque eu sentia como se um peso saia do meu corpo. “Aguente firme e persevere, garota”. Me sustentei em seus braços buscando algum equilíbrio, inundada por um turbilhão de imagens e emoções. Estava ficando fascinada com a doce sensação de ser aceita.

De alguma maneira sabia que não se tratava de mim, dos meus sentimentos. A questão era confiar nEle com toda a minha vontade, crendo que o Pastor me traria os cuidados que eu necessitava! Crendo que Sua grande compaixão seria suficiente para apagar todas as minhas transgressões. Como já havia tentado por mim mesma resolver meu passado! Agora admitia minha impotência, diante da justiça do Seu toque.

Queria que seu toque e seu afago durassem até o sol se pôr... Estava me embriagando por estes sentimentos quando Pureza me despertou ao, praticamente, pular nos braços do Pastor.

Vi que meus pés tocavam o chão. Foi um momento precioso, me sentia... Me sentia grata por cada toque purificador. Pela primeira vez não encontrei em mim a sensação de sempre estar suja e impregnada pelo cheiro terrível de Belial. Era como se um vento de paz houvesse invadido meu coração. Como se uma luz houvesse iluminado a minha alma. Como se meu corpo estivesse envolvido numa suave fragrância: era o cheiro da vida!


Trecho do livro "A Voz da Ovelha" de Pastor Eliy Barbosa - Igreja Cristã Plenitude

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